Ouvir é uma arte
Ouvir o outro é uma arte delicada, um dançar suave entre as palavras e os silêncios. É como tecer fios invisíveis que conectam almas, criando um espaço sagrado onde as histórias se entrelaçam.
Carl Rogers, o psicólogo norte-americano, nos presenteou com o conceito de escuta ativa. Essa habilidade transcende a mera audição; é um ato consciente, uma escolha de presença. Quando ouvimos ativamente, não somos meros receptores de sons, mas sim artesãos da compreensão.
Imagine-se sentado à beira de um rio, observando a água fluir. Assim é a escuta ativa: deixamos as palavras fluírem, sem interrupções, sem julgamentos. Abrimos espaço para o outro, como um vaso vazio pronto para ser preenchido com experiências, sonhos e dores alheias.
Mas, como toda arte, a escuta ativa enfrenta inimigos. As crenças nos aprisionam em nossas próprias ideias, impedindo-nos de verdadeiramente ouvir. As expectativas nos desconectam, pois já antecipamos o desfecho da conversa. Precisamos silenciar essas vozes internas, despir-nos de pressa e ego.
Ouvir é mais do que compreender palavras; é sentir o pulsar do coração do outro. É oferecer um abrigo seguro para suas emoções, um refúgio onde podem se expressar sem medo. Quando alguém se sente ouvido, floresce a confiança, a proximidade e a empatia.
E o silêncio? Ele também é parte dessa dança. Não é vazio, mas cheio de significado. É onde as palavras se transformam em reflexões, onde a conexão se aprofunda. O silêncio é o espaço entre as notas da música da vida, onde encontramos harmonia.
Portanto, que sejamos artistas da escuta, afinando nossos ouvidos e afinando nossos corações. Que saibamos dançar com delicadeza, honrando cada palavra e cada pausa. Pois, no fim das contas, ouvir o outro é um presente que oferecemos a nós mesmos.

